Introdução: Um dos objetivos da OrquidaRio Orquidófilos Associados é trabalhar para a conservação e preservação das orquídeas em seu ambiente natural. Com isto no pensamento, propusemos aos sócios desenvolvermos o projeto: “Levantamento das Orquídeas da Ilha Grande”. Este projeto foi submetido ao “Conservation Committee” da San Diego County Orchid Society e aprovado em Novembro de 2008. Nossos objetivos, além de fazer o levantamento e mapear as orquídeas que crescem na Ilha Grande, é fornecer informações para que as orquídeas possam ser usadas como material adicional em programas locais de educação ambiental e que este importante componente da flora da Ilha Grande passe a fazer parte das atrações eco-turísticas do Parque Estadual da Ilha Grande. Um outro importante objetivo desse trabalho é despertar o interesse dos membros da nossa associação pela Conservação das orquídeas e dos ambientes onde elas ocorrem. Área de Estudo: A Ilha Grande está localizada a 23°08’S e 044° 10’W, a 150 km ao sul da cidade do Rio de Janeiro e faz parte do município de Angra dos Reis, RJ. A ilha está a 12 milhas náuticas da cidade de Angra dos Reis e na entrada da Baía da Ilha Grande. A formação geológica é principalmente de granito Pré-Cambriano e a topografia muito montanhosa, com altitudes superiores a 900 m (Pico da Pedra d´Água, 1011m e Pico do Papagaio, 989 m) (Gomes da Gama et al., 2009). A área total da ilha é de 193 km² e é composta por sub-ecossistemas da Mata Atlântica: restingas, manguezais,florestas de baixa altitude, de altitude intermediária e alguns picos acima de 900 m. Estas áreas encontram-se em diferentes estágios de conservação, na medida em que estiveram sob diferentes graus de pressão humana. Algumas partes da ilha estão ocupadas por mais de quarto séculos enquanto alguns “bolsões” localizados no centro da ilha ainda estão originais. Nossas excursões aconteceram em várias trilhas e margeando rios, na área do Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG) e na Reserva Biológica da Praia do Sul (RBPS) (Fig.1). A precipitação média anual é de 2000 mm e aumenta substancialmente com a altitude. O período mais seco é de maio a outubro e a precipitação mensal varia de mais de 250 mm em dezembro e janeiro para menos de 100mm em julho e agosto . Ao nível do mar a temperatura diurna média é de 27°C no verão e de 20°C no inverno. O mês de temperatura média mais alta é março: 30ºC e a temperatura média mais baixa é em julho: 19ºC , ao nível do mar – abaixando com a altitude. (Salgado & Vásquez, 2009). Metodologia: Entre Janeiro de 2009 e Fevereiro de 2011 os sócios da OrquidaRio realizaram onze expedições à Ilha Grande, a maioria delas de dois dias de duração e uma (Julho de 2009) que durou três dias. O tamanho do nosso grupo variou de dois (Novembro de 2010) a sete (Março e Julho de 2009 e Fevereiro de 2011) sócios. Ao todo, dezenove sócios da OrquidaRio participaram das expedições, além de outras pessoas, incluindo funcionários do Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG) e pesquisadores (Marta Moraes, responsável pelo Orquidário do Inst. de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro) . As expedições programadas para o segundo semestre de 2009 foram canceladas devido a uma decisão da administração do PEIG. O trabalho foi reiniciado após o projeto ter recebido autorização do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), no início de 2010. As datas, número de participantes e itinerários das onze expedições realizadas foram: 31 de Janeiro e 1º de Fevereiro de 2009 – seis sócios da OrquidaRio e o diretor do PEIG - área em torno do córrego do Bicão e ao longo do córrego do Abraão; 14 e 15 de Março de 2009 – sete sócios da OrquidaRio e o diretor do PEIG – trilha da vila do Abraão à praia de Lopes Mendes e trilha da cachoeira da Feiticeira. 16 e 17 de Maio de 2009 - três sócios da OrquidaRio – trilha do Pico do Papagaio (995 m de altitude). 3 a 5 de Junho de 2009 – seis sócios da OrquidaRio e o diretor do PEIG – trilha do Pico do Urubu (174 m de altitude); trilha atravessando a ilha da Praia Longa até a Reserva Biológica da Praia do Sul e restinga da Praia do Sul. 23 e 24 de Janeiro de 2010 – cinco sócios da OrquidaRio e um guarda do PEIG – ao longo do Rio Perequê e trilha da vila do Abraão à Praia Comprida. 27 a 28 de Março de 2010 – cinco sócios da OrquidaRio, a curadora da coleção de orquídeas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e um guarda do PEIG – trilha paralela ao Rio Perequê até o topo da cachoeira e trilha do Pico do Papagaio até a altitude de 850 m. 24 e 25 de Julho de 2010 - seis sócios da OrquidaRio e um guarda do PEIG – ao longo do Rio Perequê e do córrego do Abraão. 11 e 12 de Setembro de 2010 – seis sócios da OrquidaRio – vila Dois Rios e córrego da Andorinha e trilha do Pico do Papagaio até a altitude de 850 m. 05 e 06 de Fevereiro de 2011 – sete sócios da OrquidaRio, a curadora da coleção de orquídeas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e um guarda do PEIG – Reserva Biológica da Praia do Sul. Os diferentes itinerários foram escolhidos de acordo com a necessidade de fazer o levantamento em grande parte da ilha, da possibilidade de encontrar orquídeas floridas, da disponibilidade de transporte para se alcançar o início das trilhas (barco em Junho de 2009 e Janeiro, Março e Julho de 2010) e da disponibilidade de tempo. Mapeamos, com um GPS Garmin® 60C, as trilhas percorridas, registrando as orquídeas encontradas. De Janeiro de 2009 a Janeiro de 2010, as plantas foram só coletadas por funcionários do PEIG e não tivemos posterior acesso a aquele material. A partir de Fevereiro de 2010, a OrquidaRio foi autorizada, pelo INEA, a coletar dois exemplares de cada espécie encontrada. Plantas floridas foram herborizadas e o material depositado no Herbário Bradeanum (HB) da UERJ. Sempre que possível, um segundo exemplar de cada espécie está sendo cultivado no Orquidário do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e fazem parte da Coleção Viva de Orquídeas da Ilha Grande. A medida que estas espécies estão florindo, estão sendo identificadas. Fazem parte também da coleção viva as orquídeas doadas pelo sócio Renato Marques, morador da Vila do Abraão. A nomenclatura que usamos seguiu, bàsicamente, a usada por Pabst & Dungs (1975-77), com poucas exceções. Nos últimos anos a sistemática da família Orchidaceae tem passado por várias modificações e, em muitos casos, ainda não existe um consenso geral sobre os gêneros a serem adotados. Optamos por continuar usando os gêneros mais tradicionais, como Maxillaria, Oncidium e Pleurothallis, aqui abrangendo seu "sensu lato". Para diminuir dúvidas quanto ao táxon ao qual estamos nos referindo, os nomes das espécies vêm seguidos dos nomes dos autores das mesmas. Os nomes de todas as espécies foram confirmados no site "Tropicos" (Missouri Botanical Garden) e, quando outro nome é o atualmente aceito, este foi incluído na tabela, como observação. Algumas das espécies coletadas ainda aguardam para serem identificadas e foram referidas como sp ou spp. Foi feito o levantamento de todas as espécies de orquídeas coletadas anteriormente na Ilha Grande e que foram depositadas por outros pesquisadores tanto no Herbário Bradeanum (HB) quanto no Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB). Este material foi adicionado à listadas espécies que ocorrem na Ilha Grande. Resultados e Discussão:
A tabela “Tabela de Espécies Encontradas” (apresentada abaixo) apresenta a lista das espécies encontradas e respectivos autores, locais onde foram encontradas, a faixa de altitude onde ocorrem, mês de floração, hábito de vida, distância do solo das espécies epífitas, tipo de vegetação onde crescem, vários registros de coleta e informações adicionais sobre a nomenclatura de cada espécie. O número de espécies de orquídeas identificadas para a Ilha Grande chega a 158 (cento e cinquenta e oito). Outras nove espécies ainda deverão ser confirmadas (cf.) e mais de trinta ainda não foram identificadas. Deste total, dezenove das espécies foram coletadas em levantamentos anteriores e não foram encontradas durante o trabalho da OrquidaRio. No entanto, é possível que, à medida que plantas da Coleção Viva floresçam e sejam identificadas, constataremos que encontramos todas as espécies que haviam sido coletadas anteriormente. Callado et al. (2009) listam vinte e uma espécies de orquídeas para a Ilha Grande e colocam a família Orchidaceae na oitava posição em número total de espécies em comparação às outras famílias botânicas encontradas na ilha. De acordo com as informações então publicadas, a família Bromeliaceae seria a melhor representada na Ilha Grande, com cinqüenta e seis espécies. No entanto, já em projeto anterior desenvolvido por pesquisadores da UERJ, sobre a "Flórula da Vila Dois Rios", Araujo (2003) divulgou uma lista com cinquenta e nove espécies de orquídeas, coletadas apenas em ambientes localizados em torno da Vila Dois Rios. Durante o levantamento desenvolvido pela OrquidaRio dois ambientes se sobressaíram pelo elevado número de espécies encontradas: uma área de floresta aberta montana, situada a 850 m de altitude, no caminho para o Pico do Papagaio e a mata de restinga, na Reserva Biológica da Praia do Sul. Na Mata Atlântica da região sudeste, é sabido que altitudes entre 800 e 1200 m são as mais ricas em orquídeas (Miller et al., 2006) e, portanto, não foi surpresa o alto número de espécies encontrado à 850 m , em área de floresta aberta. No entanto, o elevado número de espécies encontrado na restinga da Praia do Sul, praticamente ao nível do mar, evidencia a importância de se preservar aquele rico ambiente, hoje tão destruído em quase toda a costa brasileira. Nossos resultados mostram que grande número de espécies ocorre entre a praia e 200m de altitude. Isto está provavelmente relacionado ao bom estado de conservação de grande parte da Ilha Grande. No entanto, temos que também levar em consideração que, apenas em poucas situações, nosso grupo alcançou altitudes maiores que 200m.
Os traçados das trilhas por onde andamos e a localização das orquídeas encontradas estão disponíveis para serem aproveitados pelo PEIG e INEA. A OrquidaRio não processará geograficamente as informações. Anexo a esse relatório apresentamos um mapa simples em GPS da Ilha Grande, assinalando os locais que visitamos (fig.1).
Fotos de cem das orquídeas encontradas estão organizadas no documento “Orquídeas da Ilha Grande” (apresentado abaixo)
Em Maio de 2008, M. do Rosário de Almeida Braga, fez uma apresentação sobre “Orquídeas” no Centro de Visitantes do PEIG e residentes da vila do Abraão foram convidados. A palestra foi posteriormente divulgada no jornal local. O assunto “Orquídeas da Ilha Grande” foi escolhido como tema da Exposição “Orquídeas no Jardim 2010”, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro e nosso projeto foi divulgado de diferentes maneiras. Uma apresentação Microsoft Power Point® ficou continuamente em demonstração durante toda a exposição. Um poster sobre o projeto ficou exposto na estufa do Orquidário entre as orquídeas. Como parte da programação, no dia 1º de Maio, Renato Marques apresentou uma palestra com os resultados obtidos até a data. O público da exposição foi de 10.000 visitantes. No dia 30/05/2011, como parte das comemorações da Semana do Meio Ambiente, Maria do Rosário de Almeida Braga e Renato Marques apresentaram os resultados desse projeto em duas palestras que aconteceram no Centro de Visitantes do PEIG, na Vila do Abraão,
Ilha Grande. A platéia foi composta de alunos do 6º e 7º ano da escola local e funcionários do PEIG. Nova apresentação, dessa vez para alunos entre 7 e 9 anos, da escola municipal da Vila Abraão, esta programada para acontecer durante a Semana da Criança, em outubro de 2011. Aguardamos contato da nova chefia do PEIG para elaborarmos o poster de divulgação que deverá ficar exposto no Centro de Visitantes, na Vila Abraão. Esta sendo criada uma apresentação visual que deverá ficar disponível aos interessados, também no Centro de Visitantes e será entregue em outubro de 2011.
Orquídeas da Ilha Grande - final (Power Point) - clique e aguarde um pouco, esse arquivo demora a carregar
Araujo, D. 2003. Projeto Flórula da Vila Dois Rios. Orchid News nº21, http://www.delfinadearaujo.com/on/on21/pages/ilhagrande.htm Callado, C.H., A.A.M. Barros, L.A. Ribas, N. Albarello, R. Gagliardi & C.E.S. Jascone. 2009. Flora e Cobertura Vegetal. In: Bastos, M. & Callado, C.H. O Ambiente da Ilha Grande. Rio de Janeiro, UERJ.: 91-161. Gomes da Gama, S.V., L.G. A. E. Silva & C.M. Salgado. 2009. Geologia, relevo e solos. In: Bastos, M. & Callado, C.H. O Ambiente da Ilha Grande. Rio de Janeiro, UERJ.: 21-64. Miller, D.; R. Warren; I.M. Miller & H. Seehawer. 2006. Serra dos Órgãos: sua história e suas orquídeas. Nova Friburgo, Editora Scart. 567pp. Pabst, G. & F. Dungs. 1975-77. Orchidaceae Braliensis. 2 volumes. Hildeshein, Brücke Verlag. Salgado, C.M. & N.D. Vásquez. 2009. Clima. In: Bastos, M. & Callado, C.H. O Ambiente da Ilha Grande. Rio de Janeiro, UERJ.: 07-19. Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2011. Maria do Rosário de Almeida Braga.
PRESTAÇÃO DE CONTAS DO PROJETO
Em Novembro de 2008 a OrquidaRio recebeu da San Diego County Orchid Society: US$2,860.00 (na ocasião trocado por R$ 6.372,80 como em Nov. 2008 a taxa de cambio era de: US$1.00 = R$2,23). Este foi o orçamento que apresentamos com o projeto:
Todavia, todo o equipamento originalmente pedido foi adquirido pelo PEIG através de outra doação. Desta maneira, todo o dinheiro que recebemos está sendo gasto nas expedições. O PEIG apoiou nosso Projeto disponibilizando acomodações para o grupo em três expedições e transporte de barco na segunda e terceira viagem. Apresentamos abaixo o balanço atual do projeto:
(*) US$1 = R$1,80. A taxa de cambio variou de UU$1 = R$1,70 a R$2,25 entre Jan 2009 e Fevereiro de 2011). Todas as refeições e despesas com transporte do e para o continente foram pagas pelo projeto e não foram especificadas.
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