VEGETAÇÃO
SOBRE INSELBERG
E ESTUDOS DE CASOS DE ORQUIDEAS NA PEDRA DA GÁVEA.
Eduardo
Saddi – Projeto CORES no Jardim Botânico -
RJ
Primeiramente
é necessário explicar o significado da
palavra inselberg. Este termo fui cunhado em 1900 pelo
geólogo Alemão Bonhardt que nomeou estes
afloramentos graníticos que são encontrados
em planícies em regiões tropicais. Ocorrem
principalmente no Brasil e África. No Brasil
ocorre desde a Caatinga até o Rio Grande do Sul.
Nossa pesquisa está sendo feito na Pedra da Gávea
no Parque Nacional da Tijuca. Nesta área também
tem o pico da agulhinha, e Pedra Bonita.
A Rocha dos inselbergs apresenta flora distinta das
florestas do entorno. São ilhas de vegetação
e configuram barreiras claras para estas espécies.
São ambientes com baixa retenção
de água e nutrientes, alta exposição
ao vento e ao sol forte. As plantas encontradas nestas
áreas têm crescimento lento e são
longevas. Há baixa substituição
de espécies o que as caracterizam como vegetação
pretérita. Nestas áreas pode-se imaginar
como foi a vegetação local há centenas
de anos atrás, pois não ocorre intervenção
humana ou de animais devido a inacessibilidade.
Nas áreas de fendas ou platôs pode inclusive
ocorrer vegetação arbustiva devido à
deposição de detritos e material em decomposição,
que permite que as mesmas se fixem e tenham nutrientes
disponíveis.
O
padrão espacial está relacionado ao aspecto
biológico das plantas ai encontradas.
- Morfologia das sementes das orquídeas
– As sementes de orquídeas são desprovidas
de tecidos nutrientes e
endosperma.
- Preferência de local para a germinação.
- Sensibilidade à luz, exposição
ao sol e ao vento.
- Variação topográfica como
inclinação, rugosidade, presença
ou ausência de rugosidades.
Nos inselbergs observam-se verdadeiros mosaicos de vegetação.
A primeira espécie a se estabelecer gera condições
para as espécies subseqüentes. O primeiro
a se instalar são os liquens, seguido dos musgos.
Com o acúmulo de detritos e de umidade propiciado
por ambas as espécies surge oportunidade para
a implantação de espécies mais
complexas.
A vegetação sobre os inselbergs são
extremamente frágeis, pois podem ser removidas
com facilidade. O tempo para a sua renovação
e reconstituição natural pode chegar a
mais de 100 anos. Ainda é muito pouco estudada
devido à dificuldade de acesso. O estudo da vegetação
dessas áreas é muito importante, pois
pode levar ao encontro de novidades evolutivas para
algumas linhagens de vegetais como velosiácea,
ou cyperaceae, cactaceae, bromeliaceae e orchidaceae.
Nos afloramentos rochosos as orquídeas são
dominantes sobre as outras espécies, seja por
quantidade de biomassa ou por número de espécies,
ou seja. O número de espécie de orquídeas
encontrada em determinado afloramento rochoso é
sempre maior do que o de qualquer outra espécie
e a quantidade de indivíduos também é
maior. Os estudos de France et al (1997) detectou cinco
espécies de orquídeas na região
de Milagres na Bahia. Porembsky et al. (1999) listou
seis espécies no Rio de Janeiro, Miranda e Oliveira
(1983) descreveram onze espécies no Pão
de açúcar.
Essas plantas apresentam alta taxa de endemismo e distribuição
geográfica restrita a esses ambientes.
ORQUIDACEAS
DA PEDRA DA GÁVEA, PARQUE NACIONAL DA TIJUCA,
RIO DE JANEIRO.
Eduardo
Saddi – Projeto CORES no Jardim Botânico
- RJ
Trabalho orientado por Rafaela Campostrini Forzza.
Objetivo
do trabalho é catalogar as espécies de
orquidáceas das várias faces da Pedra
da Gávea.
Características gerais – A Pedra da Gávea
fica no Parque nacional da Tijuca que tem 3.000 hectáres
de extensão. Estamos estudando as orquídeas
de quatro ambientes diferentes que são as orquídeas
do cume, das gretas, de afloramentos expostos e de áreas
próximas a florestas. A face sul, sudeste e sudoeste
apresentam menor incidência de raios solares,
a exposição ao sol é menor e recebe
muita influência dos ventos úmidos e frios
vindo do sul. Em conseqüência esta área
tem uma composição florística distinta
que é mais densa e possui um número maior
de espécies. A Face norte, nordeste e noroeste
ao contrário, por receber maior insolação
e ventos secos, possuem uma flora mais restrita com
menor número de espécies e de indivíduos.
Resultados
parciais do estudo - Foram encontradas vinte e cinco
espécies de orquídeas incluídas
em dezesseis gêneros. Dos dezesseis gêneros
encontrados, doze tinham apenas uma espécie cada.
Foram encontradas seis espécies de Pleurothallideos
que como de hábito estavam em maior número,
três espécies de Epidendrum, duas
de Octomerias. Foram encontrados o Cyrtopodium lutiniferum,
Zygopetalum makai, Cleistes liboniae e Cyclopogon
Polystachya, Maxilaria plebeja, Pleurothallis, Prescottia
contaginia.
As espécies de orquídeas encontradas em
frestas com acúmulo de matéria orgânica
estão geralmente consorciadas a outras espécies
vegetais. O liguem é primeiro a se estabelecer
e em seguida os musgos. As Brassavolas são
encontradas aderidas a rocha quase nua e devido a grande
incidência de raios solares suas folhas apresentam-se
quase totalmente rubras ou amarronzadas.. Também
foram encontradas Octomeria praestans, Prostecheia
inversa, Pleurothallis lineae e finalmente a
Laelia lobata.
Reintrodução
de espécies – Primeiramente estaremos dando
maior importância o local de procedência
das espécies para em seguida procedermos a implantação
da mesma. Para isso está sendo feito um estudo
da variabilidade genética de espécies
vinda de diferentes habitates. Se não houver
muita variabilidade genética, não haverá
importância a introdução de espécies
provenientes de habitates diversos em áreas onde
elas estão praticamente extintas. Na Pedra da
Gávea as Laelia lobata foram encontradas
a 800m crescendo no meio de velosias.
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