O GÊNERO DENDROBIUM
Raimundo Mesquita

O gênero Dendrobium é muito variado e complexo apresentando inúmeras diferenças morfológicas e de meio ambiente. Por isso, torna-se difícil fazer um sumário sobre ele e uma abordagem detalhada levaria muito tempo. Assim farei apenas uma abordagem voltada para o conhecimento de espécies cultivadas no Brasil.
Devido a estas inúmeras diferenças, por uma questão metodológica, o gênero foi dividido em inúmeras de seções o que facilita a memorização. Atualmente está ocorrendo uma revisão da nomenclatura com a criação de novos gêneros pois se torna impossível agrupar plantas de características tão diversas num só.
Para os iniciantes, as espécies de Dendrobium são as plantas ideais por dois motivos. O primeiro é o fato de não serem plantas brasileiras, o que as torna praticamente imunes às pragas que normalmente atacam nossas orquídeas. Podem até ser atacadas por cochonilhas de carapaça ou pulgões, mas sofrem apenas danos estéticos. A outra razão é que não aceitam reenvasamento freqüentes. Isso vem facilitar a vida do iniciante que ainda não está familiarizado com as técnicas de replantio, substratos adequados a cada planta e etc. Parecem gostar de substratos ácidos e até mesmo em decomposição. Há casos de sobrevivência por mais de 20 anos num mesmo vaso de xaxim, com a simples adição de uma camada externa de substrato para acomodar os novos bulbos.
Em resumo: Não necessitam de muitos cuidados. No entanto, em função dos diferentes habitats das espécies, existem uns poucos cuidados diferenciados a serem observados.
Algumas espécies de Dendrobium necessitam de picos de frio e repouso quase absoluto, com pouca água durante este período para florir. Outras, no entanto, precisam de água e forte fertilização durante todo ano para florir bem.
Vamos falar sobre as seções mais populares no Brasil. Então começaremos pela seção Phalaeanthe. Esta seção tem por característica possuírem folhas perenes e verdes com inflorescência terminal. Estão aí incluídos os populares Dendrobium phalaenopsis, que recebeu este nome devido à semelhança de suas flores com as do gênero Phalaenopsis. Essas plantas são de clima quente e seus híbridos costumam produzir flores várias vezes ao ano. Devem ser adubados muito fortemente desde o surgimento da nova brotação até que o novo bulbo atinja a maturidade que se caracteriza pelo aparecimento das folhas apicais (terminais). Um repouso seco com queda de temperatura por 3 a 4 semanas nesta ocasião ajuda no florescimento. Em seus habitats de origem, o Dendrobium phalaenopsis floresce após o inverno que se caracteriza por ausência de chuvas e uma pequena queda de temperatura.
Seção Spathulata tem como espécie mais representativa o Dendrobium antennatum. Deve ser cultivado em clima quente e a planta não tem período de repouso. Deve ser fertilizado o ano todo para que não enfraqueça com as constantes florações (praticamente o ano todo), com exceção da época de inverno, quando deve ser observada uma redução ligeira nas regas. Necessita de luminosidade de média a forte. São plantas que se adaptam facilmente aos locais de cultivo. Produzem numerosas flores e isso talvez se deva à raridade do polinizador em seu habitat natural.
Seção Dendrobium apresenta plantas pêndulas com folhas decíduas ao longo do bulbo em forma de cana e produzem 2 ou mais flores nos nódulos. As folhas caem no inverno e as canas que florescem são geralmente as do ano anterior. Tem como um dos seus principais representantes o Dendrobium nobile, mas as espécies chrysanthum e wardianum também fazem parte desta seção. Devem ser regadas e adubadas abundantemente desde que começa a brotação até o final do verão.
Seção Callista que por ter características morfológicas muito diferentes da maioria das espécies do gênero foi transferida em um novo gênero. Apresentam pseudobulbos com inflorescência pendente. O principal representante é o Dendrobium lindleyi mais conhecido como Dendrobium aggregatum. Outros representantes são as espécies chrysotoxum, thyrsiflorum, o densiflorum e o bronckartii (ou furcatum). Existe um híbrido muito bonito entre o thyrsiflorum e o bronckartii que se chama Dendrobium Mousmee, feito por Rolf Altenburg. Devem ser cultivados em locais de luminosidade média e necessita ser menos regado e adubado que as outras espécies. No inverno, deve ser regado apenas o suficiente para que os pseudobulbos não enruguem e gosta de quedas acentuadas de temperatura.
As outras espécies também cultivadas no Brasil têm como seus melhores representantes o Dendrobium kingianum e o Dendrobium moniliforme. De uma maneira geral, quando molhado em abundância, o Dendrobium produz keikis em profusão ao invés de produzir flores mas o Dendrobium kingianum se caracteriza pelo aparecimento de keikis na ponta do bulbo.
Eles vão crescendo e alongando a planta formando grandes touceiras que parecem ter bulbos muito grandes, aumentando a exuberância da planta. Para um cultivo com produção de flores é necessário que sejam adubados e regados por nove meses e em seguida deve receber um estresse seco para florir. As canas que florescem são as do ano anterior e, em alguns casos, as canas florescem seguidamente por até quatro anos. O Dendrobium moniliforme tem floração intensa praticamente todo o ano. O Dendrobium ruppianum não floresce no Rio. O Dendrobium rigidum tem uma flor pequena e a planta é do tamanho aproximado do Sophronitis cernua.
Dependendo da espécie, as flores podem durar de um dia ou várias semanas.
Uma observação que gostaria de fazer é que para um cultivador é importante ter uma orquídea florida na sala por dois meses, porém esta é a maneira mais rápida de matar uma orquídea. É muito comum vermos as nossas plantas florindo por longos períodos enquanto os bulbos vão secando e enrugando. Prorrogar a duração da floração enfraquece a planta. As flores foram feitas para polinização e conseqüente perpetuação da espécie e não para apreciação.
Quanto à adubação, abandonei a adubação orgânica devido ao cheiro da mesma, à proliferação de mosca e a rápida degradação do substrato. Atualmente faço adubação inorgânica em dose homeopática a cada três regas.