DOENÇA DAS ORQUÍDEAS - PARTE II
Mantenha as plantas recém adquiridas afastadas do restante da coleção, por algum tempo (6 semanas), até ter certeza que não portam doenças ou pragas. Faça pelo menos um tratamento contra doenças, nestas plantas, durante este período. Nunca misture sua coleção de orquídeas com outras espécies de plantas, que pode ser vetores de doenças. Cultivar orquídeas junto com dracenas, samambaias, violetas, etc, não é recomendável. Faça uma inspeção detalhada de suas plantas, no mínimo uma vez por mês. Se surgirem problemas nestas inspeções, aja rápido, para evitar que o problema assuma proporções epidêmicas no orquidário, após o que, o combate se torna caro e incerto. Mantenha o orquidário limpo, sem restos de plantas, vasos velhos, flores murchas espalhados pelo chão e nas bancadas. A adequada ventilação do ambiente é ponto crucial no controle da maioria das doenças causadas por fungos e bactérias, que, em sua maioria, são transmitida pela água parada nas folhas e no substrato. Utilize fungicidas / bactericidas, quando necessário. Nunca aplique fungicidas sistêmicos de forma preventiva. Sempre alterne entre produtos, de modo a evitar o surgimento de resistência. Atenção: Neste resumo, são citados alguns produtos (Fungicidas / Bactericidas), como eficazes no controle de doenças em orquídeas. Estas recomendações advém da experiência própria do autor na utilização destes produtos. De modo geral, o uso destes defensivos não é recomendado especificamente para orquídeas, pelos fabricantes. Dessa forma, nenhuma garantia é dada aqui quanto à eficácia dos produtos mencionados, e o autor se exime expressamente de qualquer responsabilidade pelo seu uso, e as conseqüências decorrentes deste uso. Todos os produtos químicos utilizados para controle de doenças e pragas em plantas, são TÓXICOS, em maior ou menor grau, e sua aquisição e uso depende de receituário agronômico. Leia atentamente as instruções de uso constantes da embalagem e bula. Principais Doenças causadas por Fungos e Bactérias De modo a simplificar o diagnóstico, vamos relacionar as doenças e seu controle, pelos sintomas causados em cada parte das plantas. Podridões
de Raízes, Rizomas e Pseudobulbos Causada
por um ou mais espécies de bactérias do gênero Erwinia,
esta doença ataca desde Cattleyas até Phalaenopsis, Cymbidium,
Oncidium e Vanda, dentre muitos outros. Não é muito freqüente
no Brasil, exceto talvez em Phalaenopsis, onde é freqüentemente
confundido com a Podridão Parda provocada por outra bactéria
(Pseudomonas spp, ver adiante). Causado
por dois tipos de fungo que vivem no solo (Pythium ultimum e Phytophtora
cactorum). Afeta quase todas as espécies cultivadas, e outras plantas. Podridão por Fusarium e Rhizoctonia Também
conhecida por "canela seca", por originar-se geralmente como
uma podridão seca nas raízes das plantas, subindo pelo rizoma
e atingindo os pseudobulbos, onde geralmente tem evolução
lenta. Por matar as gemas, a planta sofre um longo processo de decadência,
culminando com a morte após 1 ano ou mais. Às vezes, a planta
cresce mais rapidamente do que a velocidade de invasão de tecidos
sãos, o que faz com que permaneça com vida por diversos
anos. Entretanto, caso não tratado, a "canela seca" tira
o vigor da planta, acabando por provocar o descarte da mesma. A Fusiariose
é causada pelo fungo Fusarium oxysporum, ao passo que a podridão
por Rhizoctonia é causado pelo fungo Rhizoctonia solani (o mesmo
que destrói tomateiros e culturas de batata). A principal diferença
nos sintomas destes dois patógenos, é o fato da Fusariose
provocar o surgimento de um anel ou mancha, de colorido vermelho ou violeta,
no rizoma, facilmente visível ao se cortar essa parte da planta. Manchas Foliares Existem diversos agentes, com sintomas muito parecidos. Os principais, de origem fúngica são a Antracnose, que se caracteriza por manchas negras, de formato arredondado (às vezes em forma de "leaf die-back" ou morte apical de folha), a Cercosporiose (manchas amareladas, que depois ficam com o centro salpicado de preto, chegando a ficar todo preto. Embora tenha evolução rápida, e cause prejuízos de monta - principalmente no aspecto das plantas - essas doenças geralmente não causam a morte da planta, e podem ser combatidas com sucesso com o uso de fungicidas sistêmicos como o Benlate e o Cercobin. Deve-se também cortar e eliminar quaisquer partes da folhas atacadas, usando-se uma gilete nova para cada planta, polvilhando-se o corte com Anaseptil ou mesmo canela em pó. Mancha Bacteriana dos Phalaenopsis Essa é a doença mais importante dos Phalaenopsis, chegando a liquidar coleções inteiras, em poucos meses. É causado pela bactéria Pseudomonas cattleyae, e seus sintomas no início são de manchas pardas circulares nas folhas, com aspecto aquoso, que crescem rapidamente, até atingir o centro da planta. Uma vez atingido o centro da planta, a mesma está condenada, e morre dentre de alguns meses. Algumas plantas chegam a florir nesse período, talvez numa tentativa desesperada de se reproduzir e garantir a continuidade da espécie. O controle envolve desde fatores de cultivo, tais como ventilação, temperatura ambiente adequada, manutenção das folhas secas, principalmente à noite, até o controle químico, com produtos especializados (Physan, Captan, Truban). Para coleções pequenas, um método relativamente eficaz de controle é cortar as partes atacadas da folha, com gilete nova, polvilhando-se o corte com canela em pó. Pode-se também ferir a área atacada com um objeto pontiagudo, e polvilhar igualmente com canela em pó. Pintas nas Flores Causado por um fungo (Botrytis cinerea), esta mancha ocorre principalmente durante o inverno, sobretudo em orquidários com ventilação deficiente. O ataque inicia-se com minúscula pintas marrons nas flores, que crescem até destruir totalmente a flor. Não afeta outras partes da planta. O controle é fácil, aumentando-se a temperatura e ventilação do ambiente onde as plantas floridas ficam, durante o inverno. Eliminar prontamente todas as flores afetadas. Pulverizar com Cercobin. Uso de Fungicidas como Preventivo Para
prevenir, até certo ponto, o aparecimento de doenças fúngicas
nas plantas, pode-se pulverizar fungicidas de contato (sem ação
sistêmica), a cada 60 ou 90 dias. Recomenda-se o Dithane M-45, Manzate
80 ou Daconil. Procurar alternar o princípio ativo entre aplicações. Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1999 Compilado
por Roland Brooks Cooke, Eng. Agr. CREA-MG 64179/D |