Cattleya intermedia
jóia do nosso litoral

M. do Rosário de Almeida Braga
vice presidente da OrquidaRio
 
Cattleya intermedia trilabelo (foto Luis Antonio M. da Costa)   Cattleya Di Pozzi Tiziano (foto Tim Moulton)

A orquídea brasileira Cattleya intermedia Graham ex Hooker, de flores grandes (9x9cm) e com detalhes de forma e coloração bastante variada, já foi uma planta bastante comum em vários pontos do litoral das regiões Sul e Sudeste. 
A espécie ocorre como epífita  (sobre troncos) ou crescendo em pedras ou sobre a areia, entre a vegetação litoranea dos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.  Hoje ela esta avaliada como uma das espécies da flora brasileira em risco de extinção, na categoria de vunerável (VU), devido à pressão de coleta que vem sofrendo desde a década de 1940 e a fragmentação e destruição do seu habitat natural.
No estado do Rio de Janeiro, C. intermedia ocorre atualmente apenas em um restrito trecho da Região dos Lagos, em área hoje incluida no Pq. Estadual da Costa do Sol. 
O ambiente de restinga, com vegetação baixa crescendo sobre dunas, é de grande fragilidade, estando sob a influência de ventos constantes, alta insolação e grande pressão humana.  No extremo sul da distribuição, no estado do Rio Grande do Sul, o ambiente é bem diferente.  Lá,  C. intermedia cresce como epífita em arbustos conhecidos como “corticeira”, na reserva do Banhado do Taim, estando sujeita a temperaturas bem mais baixas e a um grau de umidade bem distinto. 
A grande amplitude de distribuição longitudinal é um fator positivo para o cultivo: C. intermedia é uma planta resistente, desenvolvendo-se bem sob várias condições de temperatura, sempre sob alta luminosidade. A umidade deve ser constante e, no verão, a rega mais abundante.  A época de floração é entre outubro e novembro quando, no passado, era possível referir-se a “um mar de intermédias”.  Suas flores exalam um delicado perfume durante o dia.
Há várias décadas orquidófilos brasileiros vêm promovendo o “melhoramento” da espécie através da seleção e cruzamento das várias variedades horticulturais de diferentes formas e padrões de coloração .  Nestes casos, as plantas provenientes dos cruzamentos entre variedades não são híbridos e sim novas variedades da própria espécie. Alguns orquidófilos gaúchos se destacaram neste campo e entre eles devemos mencionar Walter Haetinger, Sergio Englert e Aldomar Sander.  No nosso estado, o advogado e orquidófilo Álvaro Pessoa foi o que mais trabalhou no melhoramento de C. intermedia, usando variadades adquiridas do Rio Grande do Sul.
A primeira vez que se usou Cattleya intermedia na criação de híbridos foi em 1856, na Inglaterra. Desde então, foram registrados mais de 3500 híbridos que descendem desta espécie brasileira.  O primeiro cruzamento com Cattleya intermedia registrado foi Cattleya Claesiana (=C. intermedia x C. loddigesii), que por sua vez produziu 116 novos híbridos registrados. E assim por diante. 
Hoje, ao se pensar em usar Cattleya intermedia em um cruzamento, só são usadas variedades já consagradas, como as C. intermedia var. aquinii e var. flamea, conhecidas pela sua capacidade de transmitir à decendência belos efeitos de mesclagem. O híbrido Cattleya Di Pozzi Tiziano, registrado em 1999 que tem coloração azulada e pétalas flameadas, é um destes exemplos.
Podemos nos perguntar por que fazer híbridos, se a espécie já é tão bonita?  Ao cruzar diferentes espécies ou híbridos, o hibridizador procura combinar características consideradas “boas”, como cor, forma da cor, colorido, tamanho, forma e durabilidade das flores, assim como a quantidade de flores (Pessôa, 2003 e 2006).   Devemos acrescentar também a época de floração, para eventualmente termos bons híbridos de Cattleya floridos nas diferentes épocas do ano.
Em resumo, C. intermedia, esta linda espécie brasileira de grande valor ornamental e apreciada internacionalmente, corre sério risco em seu habitat natural.  Como apreciadores de orquídeas, devemos ter certeza em adquirir plantas provenientes de laboratório e nos envolvermos em ações de conservação dos ambientes naturais.

 
Blc. Nobile's Carnival (foto S.Barani)   Cattleya intermedia em restinga do RJ (foto Tim Moulton)

 

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